Absurdos na Bíblia
Para quase dois bilhões de pessoas, a Bíblia é um livro sagrado que contém a palavra de Deus. É a fonte de suas convicções religiosas. Porém poucos daqueles que acreditam na Bíblia a leram de fato. Isto pode parecer estranho, mas alguns nunca leram a Bíblia. Mas qualquer um que tenha se aventurado por suas trivialidades redundantes e cansativas, genealogias infinitas, histórias e leis insensatas, sabe que a Bíblia não é um livro fácil de ler. Assim, não é surpreendente que aqueles que começam a ler o Gênesis raramente chegam ao Levítico. E os poucos crentes que sobrevivem ao fim amargo do Apocalipse, têm que enfrentar um dilema perturbador: a sua fé lhes diz que deveriam ler a Bíblia, mas lendo a Bíblia eles arriscam a sua fé.
O problema é (acreditando-se que a Bíblia foi inspirada por Deus) que quanto mais se lê, menos se acredita. Para proteger a fé na Bíblia, muitos deixam de lê-la, embora poucos admitam isto. Nem mesmo para eles.
A solução mais popular para este problema é deixar a Bíblia a cargo do clero. O clero então faz citações da Bíblia e sermões, e explica seu o significado aos outros. Um cuidado extremo é tomado, é claro, para citar das partes da Bíblia que exibem o melhor lado de Deus e ignorar aqueles que não fazem. Isto significa que só uma fração da Bíblia é citada. Isto em si não é um grande problema, porque embora a Bíblia não seja um livro muito bom, é muito longa.
Mas se pouco da Bíblia realmente é usado, então por que o resto não é apagado? Por que as passagens redundantes (as quais são frequentemente contraditórias) não são combinadas em único e consistente livro? Por que não são eliminadas as centenas de crueldades e absurdos? Por que não são removidas as partes ruins do Livro Bom? . Isto resultaria em um livro muito menor, porém requer uma cirurgia volumosa, e pouco permaneceria.
Quase todas as passagens da Bíblia são de uma maneira ou outra censuráveis. Mas talvez com um pouco de sorte e uma edição muito cuidadosa, um pequeno folheto poderia reproduzir a Bíblia - um que poderia ser chamado de bom. Talvez. Mas para os crentes, a Bíblia inteira é inspirada, e tem Deus como seu autor. Cada passagem contém uma mensagem de Deus que não deve ser alterada ou apagada. Assim o crente está simplesmente preso à Bíblia. Ele acredita que ela é boa, verdadeira, e perfeita. Quando a Bíblia lhe parece contrária a isso, como sempre, ele inventa a sua interpretação da Bíblia - não o que ela diz. A defesa do crente é ajudada por aqueles que divulgam isto. Eles invariavelmente são bons crentes interessados em promover e defender a Bíblia. E o fazem de muitas formas, e seus esforços normalmente incluem pelo menos um dos seguintes:
- Mostram consistência entre as passagens redundantes, nunca mencionando as contradições.
- Promovem explicações e desculpas para os absurdos, crueldades, vulgaridades e insultos às mulheres - quando não os ignoram completamente.
- Enfatizam as poucas passagens que apresentam uma imagem decente de Deus.
- Colocam anotações no rodapé para explicarem qualquer dificuldade.
São publicadas e distribuídas milhões de Bíblias a cada ano por crentes num esforço incansável para propagar suas convicções. Por conseguinte, quase todo o mundo, crente ou cético, tem uma cópia em casa. Entre estas Bíblias serão achadas muitas versões diferentes, mas todas têm algo em comum: todas edições apoiam, promovem e defendem a Bíblia.
A Bíblia do Cético Comentada tenta curar este desequilíbrio. São realçadas as passagens que são um embaraço aos crentes, e são enfatizadas as partes da Bíblia que nenhum erudito em qualquer igreja, grupo de estudo da Bíblia ou escola dominical diria. Estas passagens testam suas convicções. As contradições e falsas profecias na Bíblia não são nenhum engano; as crueldades, injustiças e insultos às mulheres, não são coisas boas.
A Bíblia do Cético ajudará aqueles que acreditam na Bíblia a reconsiderarem honestamente sua convicção. Ajudará aqueles com pouco conhecimento da Bíblia a resistir à tentação de acreditar. E ajudará aqueles que já rejeitaram a Bíblia a defender a sua posição.
Está na hora de todos nós deixarmos de acreditar, ou fingir que acreditamos neste livro que é uma afronta à decência e a dignidade do ser humano.